sábado, 30 de abril de 2016

...porque a vida é assim mesmo: dias bons e outros nem tanto...

Então tá...

resumo da ópera até o momento... Artur tava feliz.... eu tava feliz... os documentos tinham sido entregues...

qual seria o próximo passo?!

entrevista social!

eu já tinha lido quase tudo que tem disponível sobre adoção... sabia todos os passos... e já tinha ensaiado uma ou duas vezes durante o banho...
mas tinha que "treinar" o Artur, né?!

- Amor... e se ela te perguntar o porquê de você estar adotando!?
- Vou dizer que é porque você quer, ué?!
- Nããããããããão, amor... ela vai achar que você não quer... tem que dizer que pensamos juntos e decidimos...
- Tá...
- E se ela te perguntar como é nosso relacionamento!?
- Vou dizer que você é muito encrencada e que por isso a gente briga a beça...
- Amorrrrrrrrr!
- Hahahahahahaha... tá bem... vou dizer que é como um conto de fadas...

e assim foi... a noite toda ensaiando...

no dia seguinte coloquei uma roupa "de mãe" e fomos pro Fórum... eu tremia e suava como uma vara verde... tava muito, muito nervosa... nos blogs e livros as pessoas sempre diziam que eles puxavam ao máximo, que era tenso... eu já imaginava o pior cenário...

sentamos de frente pra porta da Assistente Social... a mesma porta onde eu ainda ficaria muitas e muitas vezes em frente... foram tantas horas ali que eu sei te dizer quantos frisos, arranhões e defeitos a porta tem... já tive sonhos com meu-filho-que-vai-chegar saindo por aquela porta...

enfim...

ela nos chamou...
disse que estava um pouco perdida porque era a primeira vez que fazia aquilo... (oi?!?!?!)... fez as perguntas de praxe (situação financeira, situação familiar, religião, casa, suporte...) e eu dando as perguntas mais formais que conseguia...
e Artur?! bom... ele foi ele... disse o que vinha a cabeça... soltava aquelas frases de qualquer jeito (ahhh, a gente briga muito mas faz as pazes rápido) e não me parecia nem um pouco desconcertado...

levantei me sentindo um cocô ambulante... pra mim tava tudo errado... me deram um assistente social novata que não me passou segurança nenhuma (apesar de ser muito educada e competente, vale ressaltar!) e Artur tinha sido a metralhadora ambulante de sempre...

ela vai detonar a gente... tenho certeza...

no final daquela semana ela ainda foi na nossa casa... infelizmente foi num dia em que estava de plantão é só Artur pô de recebê-la...

- Mas como foi, amor!??!?!??!
- Ahhh, ela entrou, viu tudo e foi embora... num deve ter durado nem 10 minutos...
- Mas ela falou alguma coisa?!?!??!
- Que a nossa casa é bonita...
- Mais nada?!?!?!?!
- Mais nada...

ferrou... pra mim já tinha acabado ali... passei 3 semanas mal... com raiva do mundo... "meu Deus, nadei nadei nadei e vou morrer na praia!?"

no final do mês voltei ao Fórum...

- Oi...
- Oi, Érica... que bom te ver! Já finalizei o relatório sobre vocês e já enviei ao Juiz... se ele der o aval, já tá tudo certo...
- Mas você acha que temos chances?!
- Claro!!! Vocês são ótimos... vai dar tudo certo...

saí dali, entrei no carro e chorei por 15 minutos...
tava tudo correndo bem... eu não podia nem acreditar!


meu Deus... eita montanha russa de emoções mais doida essa!!!!!!

sexta-feira, 29 de abril de 2016

...porque tem muita gente boa pelo caminho...

Depois da dica da Detinha, corri pruma conhecida minha que eu sabia ter tido uma filha por meio da adoção...

A. é aquelas pessoas fofas e delicadas, com quem você conversa por horas... sabia que ela me entenderia...

falei mais ou menos por telefone o que era e marcamos de nos encontrar... fui até sua casa e, em meio a lágrimas, abri meu coração... a verdade é que a esse altura do campeonato e já tava DOIDA pra ser mãe... quanto antes Artur topasse antes eu resolveria essa angústia...

ela achou a idéia do encontro de casais maravilhosa, mesmo porque Artur tinha muitas características parecidas com a do seu esposo na época da adoção...

a verdade é que eu tenho a impressão que quase nenhum homem acata uma idéia de adoção assim, num piscar de olhos... como eles também quase não tem a iniciativa de "vamos engravidar!"... pode ser meio preconceituoso, mas sei lá... por tudo que já vivi, ouvi e li, me parece que na maioria das vezes a mulher vai tocando o barco e, enquanto o bebê não chega, o cara não "se toca muito"...

então tá... foi combinado... quarta feira a tarde... as crianças da A. estariam fora... a gente se encontraria...

Artur já foi logo me dando aquele banho de água fria...
- Eu não vou falar nada... vou ficar só lá, ouvindo...
- Tá bem, amor... faça o que você se sentir confortável...
- Mas vê se não fica me pressionando... eu não quero falar nada...
- Tá bem, amor... vou tentar dar meu máximo...

chegamos... oi, oi... vamos entrando... e aí?! tudo bem!?
casualidades...

- Mas sabe, gente... eu sinto que o maior medo do Artur é a diferenciação, até mesmo não intencional, entre filhos biológicos e adotivos... não sei... acho que ele acha que não vai conseguir não fazê-lo...
- Ihhhhh, Artur... o meu esposo também tinha isso...
- Tinha mesmo... quando a nossa filha chegou eu fiquei tãããão nervoso de diferenciar que acabei dando mais atenção a adotiva que a biológico... inverti tudo...
- Pois é... a gente vai errando e acertando... no fim dá tudo certo...
- Exato... hoje não tem mais nada disso não... são minhas filhas e pronto... acabou!
- É novo pra gente como é novo pra elas...
- Isso... é um aprendizado...
- ...........

foi um papo tããããããããããão bom... não sei se A. e seu marido sabem... mas eles me salvaram naquela tarde... foram eles que deram o veredicto na cabeça do Artur... foi graças a eles e a estrutura familiar deles que meu marido viu que nossa família podia ser tão feliz e bacana como qualquer outra...

A. e marido...: à vocês meu eterno muito obrigada!

saímos de lá e Artur não parava de rir...

- Amor... vamos fazer isso... eu quero... vamos... vai ser muito bom!

pela primeira vez em muito dias a faísca ficou forte de novo...
a gente ia adotar...
iupiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!